Vereia, que começou carreira em Pato Branco, anuncia despedida do futsal com título na Itália

“O sábado passado foi um dia muito especial na minha carreira e que vou recordar para sempre: foi o último título e o primeiro junto com os meus 2 filhos!”, comenta Marcelo Moreira, conhecido no Brasil como “Vereia” e, na Itália, através do seu sobrenome. Aquele “Moreira” que, no último sábado, 22 de fevereiro, também estava na arquibancada, duplamente, em miniversão: os filhos Leonardo, de 7 anos, e Lorenzo, de 3 anos, foram os torcedores de honra daquele que pode ser o último título conquistado pelo pai, de 47 anos, que ajudou a equipe do “Ardea Calcio a 5” a vencer a competição com quatro rodadas de antecipação, garantindo a classificação direta à Série B do Campeonato Nacional de Futsal da Itália. Uma promoção histórica para o time e para a própria cidade metropolitana de Roma que também acaba coroando o fim da carreira de Marcelo Moreira no futsal.

Aquele título pan-americano pelo Flamengo
O atleta se mudou para a Itália em 2006, após uma trajetória vitoriosa no campo e nas quadras e a partir de uma paixão pela bola que, como conta a mãe Terezinha Moreira, começou aos 7 anos: “ele não sabia falar, mas queria sempre a bola”. A lista de clubes e títulos é grande, assim como os laços criados com outros atletas, técnicos e dirigentes. “Inúmeras foram as boas experiências, mas as amizades feitas por onde passei é que ficam registradas”, comenta Marcelo, ao recordar um dos títulos inesquecíveis conquistados quando tinha apenas 14 anos, quando venceu com o Flamengo o Encontro de Futebol Infantil Pan-Americano (Efipan) em 1992.

Sair adolescente de Pato Branco/PR, sua terra natal, para morar no Rio de Janeiro e longe dos pais, foi desafiador para o atleta, assim como encarar a solidão dos alojamentos que, aos 15 anos, chegou a levá-lo para o hospital com depressão. Foi a época em que Marcelo jogava futebol de campo, com passagens que incluíram outros times além do Flamengo, como: Grêmio de Porto Alegre, Juventude de Caxias do Sul, Athletico Paranaense e Chapecoense.

30 anos de carreira no futsal
No futsal, começou pelo time do coração, o extinto Clube Atlético Patobranquense, para depois seguir a São Paulo, onde investiu na modalidade para pagar a faculdade de Educação Física. A partir do Yara Clube de Marília, o pivô defendeu os times da Wimpro Guarulhos, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Barueri, colecionando vários títulos entre campeonatos paulista e metropolitano, Jogos Abertos e Copa SP/Minas.
Do sudeste decidiu se aventurar no sul do Brasil, onde jogou por quatro temporadas no Atlântico e fez de Erechim/RS a sua segunda casa: veio o troféu da Copa Max Internacional do Paraguai e da Copa Sul, além de “levar a equipe entre as quatro melhores do país durante 3 anos”, recorda ele, ao citar a final da Liga Nacional disputada contra a Malwee de Falcão, quando ficaram vice-campeões. “O mais importante, porém, ao trocar São Paulo por Erechim, foi conhecer a minha cara metade; hoje, a minha esposa Andressa”, enaltece Marcelo, com quem se mudou para a Itália após 10 anos de carreira na elite do futsal brasileiro, quando também foi convocado para a Seleção Paulista (2001) e Seleção Gaúcha (2005) – garantindo o título de campeão brasileiro de Seleções.

Do Atlântico, no Brasil, ao time da Lazio, na Itália
O atleta se transferiu para a Itália em 2006 para jogar na Lazio, de Roma, onde teve novas conquistas: já nas duas primeiras temporadas foi vice-campeão do Campeonato Italiano de Futsal e garantiu os títulos do Torneio Internacional de Coimbra de Portugal e da Copa Itália – A2. Dali passou fazendo história também em outros times, sempre com sede na região metropolitana da capital italiana: Torrino, Finplanet Fiumicino com quem foi campeão da Série A2, Sporting Lodigiani com uma tripleta de títulos entre Série C1 e Copas Itália e Lazio, Futsal Isola com quem foi campeão novamente da Série A2, Mirafin, United Pomezia, Academy Ciampino e Ardea – de onde veio aquele que pode ser o último título da carreira (já que no final de abril o atleta ainda disputa o troféu da Super Copa). Marcelo também foi convocado para a Seleção Italiana, oportunidade em que defendeu as cores da sua segunda pátria em países como Japão e Polônia. Os 20 anos de futsal na Itália, assim, o viram transitar entre diferentes categorias da modalidade, entre Séries A, B e C (quando voltou aos velhos tempos ao jogar em campo com sistema de gramado sintético).

Viva a beleza do futsal
Hoje, após também contabilizar cinco cirurgias no joelho nestes 30 anos de futsal, Marcelo Moreira está em transição de carreira. Graduado em Educação Física pela “Università degli Studi di Roma – Foro Italico”, terminando o mestrado na mesma universidade, há quase seis meses ele trabalha na Embaixada do Brasil junto à Santa Sé, após êxito em concurso no setor administrativo. O atleta internacional, assim, está prestes a se despedir oficialmente do futsal que o consagrou nas quadras do Brasil e da Itália com títulos e frutuosas amizades. Aos 47 anos, o pivô da camisa 17 também entra para a lista de jogadores que passaram dos 40 e seguiram mantendo grande desempenho, atuando em alto nível até o fim da carreira prevista para abril: a última partida de Marcelo Moreira será na disputa da Super Copa para iniciar a sua aposentadoria, após 40 anos dedicados ao esporte, 30 como profissional:
“A vida de atleta não dura para sempre. Competir em alto nível após os 40, ser reconhecido por isso várias vezes, é de se sentir privilegiado mesmo. Estou muito orgulhoso pela carreira feita, superando cirurgias, driblando várias mudanças de cidade e de país, hoje muito realizado com a família linda que Andressa e eu formamos com os nossos dois tesouros, Leonardo e Lorenzo. Um viva e um muito obrigado ao futsal e a tanta beleza que ele pode dar pra gente!”.